11 Jul
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Em uma votação marcada por fortes pronunciamentos contrários e favoráveis à Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que visava dificultar eventuais mudanças nos símbolos oficiais do Rio Grande do Sul, os deputados estaduais aprovaram a matéria de autoria do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL). Foram 38 votos favoráveis e 13 contrários na votação de primeiro turno. Ainda, durante a reunião, os parlamentares votaram uma segunda proposta que obriga a realização de um referendo para alterar qualquer simbologia. O projeto, aprovado com 39 votos favoráveis e 13 contrários, é de autoria do deputado Luiz Marenco (PDT).

Agora, as propostas deverão ir para uma segunda votação, que deve ocorrer após três sessões da Assembleia Legislativa. Apoiaram as duas matérias, deputados do PDT, PL, Republicanos, MDB, PP, entre outros partidos. Os contrários, nos dois casos, foram parlamentares do PT, PCdoB e PSOL.

Contrário as duas propostas apresentadas, o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) classificou como problemática a apresentação da matéria na Casa, sem que os autores promovessem uma discussão aberta sobre a tradição, a história e a cultura do RS. Segundo ele, a proposta é incompatível com a democracia. “Essa ideia tem um objetivo muito direto: tentar impedir que a sociedade gaúcha construa uma reflexão sobre elementos da nossa cultura que, infelizmente, preservam uma tradição oriunda do período do colonialismo, do período da escravidão”, afirma.

O autor da primeira proposta pontuou que somos um só povo, citando que na bandeira do RS tem escrito as palavras liberdade, igualdade e humanidade. “A nossa tradição e a nossa história mostram que somos um só povo”, afirma Lorenzoni. Ele classificou que a PEC, junto com a emenda aprovada e também com o projeto de lei de Marenco, será a garantia de que a sociedade gaúcha participará deste debate e que, portanto, não há nenhum tipo de cerceamento e nem se pode dizer que as matérias sejam antidemocráticas.

Já o deputado Luiz Marenco (PDT), que apresentou uma nova proposta, explicou que a intenção do projeto é de preservar a cultura e proteger os símbolos do RS. Lembrando de sua carreira como artista, disse que há 35 anos canta o hino rio-grandense nos palcos. Avaliou que a discussão do tema é válida, mas que há muitas pautas importantes para o RS a serem debatidas e que se, na legislatura anterior seu projeto tivesse sido aprovado, já que foi protocolado em 2021, toda essa polêmica de agora não estaria ocorrendo.

A proposta de Lorenzoni ocorre após o surgimento de um movimento prévio que defende uma possível alteração no hino, diante do fato de integrantes da bancada negra e também de movimentos negros criticarem um trecho do hino, que diz “povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”. Na semana passada, o debate ideológico transcendeu a tribuna, indo parar nas galerias onde manifestantes a favor da letra do hino e aqueles contrários ao trecho se manifestaram com direito a princípio de confusão e ânimos exaltados.

Foto: Celso Bender / Assembleia Legislativa / Divulgação

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