04 Apr
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Todos os anos, o entorno do morro da Igreja Matriz, em Muçum, recebe centenas de pessoas que vão assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo, promovido pela Associação Muçunense de Artes (AMA), com financiamento da Prefeitura Municipal. Neste ano, a apresentação teatral ocorre na sexta-feira Santa, 7 de abril, a partir das 20h, com entrada gratuita. A peça é contada por cerca de 80 pessoas da comunidade que desde janeiro ensaiam aos finais de semana para reproduzir uma das histórias mais contadas da humanidade: a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. 

Dirigido desde 2002 por Ranieri Zilio Moriggi, o espetáculo ganhou notoriedade regional quando, em 2010, expandiu sua estrutura, saindo da parte interna do Salão Comunitário Paroquial para ser encenado no morro da Igreja Matriz. São quatro cenários em tamanho real, construídos através de doações da comunidade. Neste ano, todos passaram por um processo de restauração, recebendo novos acabamentos e pinturas, arcados com recursos da entidade promotora do evento. “A gente buscou melhorar ainda mais essa parte cenográfica. Afinal, ela dá o toque especial e ajuda a contar a história que estamos encenando. Tudo é pensado para integrar: cenários, figurinos, personagens, trilha sonora e por aí vai”, afirma Moriggi. O trabalho de construção dos cenários prevê grandes pátios, além do Templo em Jerusalém, o Fórum Romano, o Palácio de Herodes Antipas e o sepulcro.  

Para contar a história, as equipes projetaram inúmeras adaptações no roteiro e também no figurino, buscando apresentar ao público presente, a história como é encontrada nas escrituras bíblicas. “Bem no início, lá pelo ano de 2005, a gente até tentou fazer uma encenação direcionada aos acontecimentos atuais, principalmente, focando no tema da Campanha da Fraternidade daquele ano. Porém, percebemos que o grupo não se adaptou e nem o público conseguiu absorver a mensagem. Então, desde lá, optamos por retratar a história como ela nos foi contada, através dos evangelhos. E acreditamos ter conseguido, mesmo sendo uma história bem conhecida, inovar a cada ano”, explica o presidente da AMA, Renan Nardin, que está no elenco desde 2002. 


O evento é um espetáculo teatral que recebe um público diversificado, incluindo turistas do Vale do Taquari e de fora dele que são atraídos pelo entretenimento cultural, pela visita a familiares que residem no município ou pelas caravanas ligadas a igrejas cristãs. “A Paixão de Cristo de Muçum chegou em um patamar que não é feita apenas para um grupo religioso. Prova disso, são os inúmeros atores e atrizes que professam outras crenças e que, juntos, caminham para ofertar um momento de reflexão e fé”, explica Ranieri. “Em 2002, quando começamos, éramos apenas jovens católicos. Hoje, este grupo é diversificado: temos católicos, em sua maioria, mas também há evangélicos, espíritas, de matriz africana e por aí vai... é lindo ver a participação de tanta gente diferente, mas com um objetivo igual, que é o de colocar o espetáculo em pé”, revela o diretor da peça. 

Assim como em anos anteriores, todo o elenco é formado por pessoas da comunidade e que não possuem formação em teatro. Apesar disso, como sempre acontece, público, artistas e figurantes se mostram muito emocionados por estarem assistindo e participando do espetáculo que há mais de duas décadas vem contando uma das histórias mais marcantes da humanidade. “Sempre que finalizamos o espetáculo, saímos de coração cheio e com vontade de reviver a história. É uma experiência inesquecível. É importante para mim poder contar essa história tão conhecida, mas que a gente precisa contar ainda muitas vezes porque ainda não aprendemos todas as lições que ela contém”, afirma Fabiana Todescatto Bagnara, que interpreta a mãe de Jesus na peça. 

Entre as novidades deste ano está a reformulação de parte do elenco. Conforme o diretor do espetáculo, muitos participantes saíram e resolveram assumir atividades nos bastidores, obrigando assim, a mudança e o convite a novas pessoas. Exemplo da mudança é para o personagem principal da peça, Jesus Cristo, este ano, interpretado pelo jovem Rafael Miotti, de 18 anos. Ele recebeu o convite da AMA ainda em janeiro e aceitou sem titubear. “Está sendo uma experiência incrível e desafiadora. Para mim, que nunca fiz nada semelhante, a encenação exige muito comprometimento e dedicação”, afirma. 


Além do empenho de cada participante, a estrutura da encenação é digna de um espetáculo teatral de grandes centros. Além da cenografia, a encenação conta com iluminação e sonorização de ponta, que proporciona efeitos e sensações que marcarão a peça teatral de maneira única. “São esses detalhes que fazem com que os cinco, seis e até sete mil expectadores que já assistiram ao espetáculo em cada uma das edições já realizadas, sintam-se inseridos na peça, como se estivessem fazendo parte do povo que um dia seguiu os passos de Jesus nas terras da Palestina. Tudo isso faz da Paixão de Cristo de Muçum, uma oportunidade única de vivenciar a mais emocionante história da humanidade”, diz Moriggi. 

Para a noite do espetáculo, a organização pede que o público venha com cadeiras para melhor acomodação, já que o evento será realizado no Morro e o espaço destinado para a plateia será em toda a extensão da rua Isidoro Slongo, em frente ao salão paroquial da cidade. Além disso, é aconselhável chegar cedo, para evitar congestionamento de veículos, já que boa parte da área central da cidade estará interrompida. Outra sugestão é de que o pública venha bem agasalhado, já que a apresentação é encenada em um ambiente ao ar livre. Em caso de mau tempo, o evento será transferido para o sábado, 8 de abril, às 20h. 

Crédito das fotos: Fernando França Fotografia

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