14 Jan
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Tradicional espetáculo, considerado um dos maiores do estado, vai retratar além das tradicionais passagens, acontecimentos que ajudarão o público a entender as reais causas da morte e ressurreição de Jesus

Um dos maiores espetáculos do segmento, a Paixão de Cristo de Muçum, no Vale do Taquari, retorna após dois anos suspensa, em decorrência da pandemia de covid-19, com a maturidade das grandes produções. No dia 15 de abril, a partir das 20h, a Praça da Matriz, na área central da pequena cidade de aproximadamente cinco mil habitantes, deverá receber um grande público, seguindo todas as medidas sanitárias exigidas pela legislação vigente. Serão centenas de famílias locais, de municípios vizinhos e de outras regiões do Estado, para assistir, de maneira reflexiva e única, a encenação dos últimos dias de Jesus na terra. Este ano, com novidades em seu roteiro: além das tradicionais cenas que antecedem a prisão e morte de Cristo, a peça mostrará os reais motivos que levaram Jesus à morte, desde a criação do mundo, passando pela chegada do Messias e, por fim, ao derradeiro calvário e sua gloriosa ressurreição. A atração é realizada pela Associação Muçunense de Artes (AMA) e Prefeitura Municipal. 

Realizado no morro da Igreja Matriz, o espetáculo é famoso por apresentar uma lógica peculiar na disposição e realização das cenas, fazendo com que haja maior acomodação e proximidade do público com o elenco e a equipe de produção. Como todos os anos, talentos da terra e das cidades circunvizinhas vivem os personagens bíblicos. “Um dos nossos principais objetivos, além da catequese que é própria da época, é, justamente, proporcionar à comunidade um protagonismo único. Infelizmente, ter acesso à cultura e lazer, no Brasil, não é barato. Fazer cultura não é barato. Mas, graças ao empenho de todos, contamos a mais bela história de amor da humanidade de forma ‘agregadora’, onde crianças, jovens, adultos e idosos da própria comunidade têm a oportunidade de mostrar os seus respectivos talentos”, afirma o diretor geral do espetáculo, Ranieri Zilio Moriggi. 

Entre as novidades, Moriggi destaca que durante o período em que o espetáculo não pode ser realizado, o texto foi o principal objeto de estudos e reflexão ao longo da construção do espetáculo. Segundo o diretor, a preocupação da equipe de produção estava em apresentar algo novo ao público, que ajudasse o espectador entender que desde o início do mundo, Jesus Cristo estava marcado para morrer. “A gente pensou, leu, estudou, debateu e conseguimos, dentro da nossa capacidade, elaborar um texto que vai mostrar a todos que a morte de Jesus foi para a nossa salvação. Talvez, isso todos nós já sabemos, mas como isso vai ser mostrado na peça, é um segredo”, garante. 

Na parte técnica, luz, som, figurinos e interpretação será conferido um “cuidado a mais” se tratando de qualidade. “Mesmo não atuando profissionalmente nas diversas áreas que compõem o espetáculo, durante os ensaios artísticos e técnicos, enxergamos na equipe grandes professores, que têm muito a ensinar. Minha missão de tentar captar a essência de cada personagem e prepará-los há 19 edições, acaba tornando-se uma troca de conhecimentos muito positiva”, explica Moriggi.

Amadores, apenas na formação

A emoção que toma conta do universo da Paixão de Cristo de Muçum torna, o que chamamos de amador, em arte na mais pura essência. É o caso de Cristian Rodrigues, que pelo terceiro ano consecutivo interpreta o personagem principal da história. Para ele, viver a vida de Jesus é uma nova maneira de entender a história e Sua missão na terra. “Estar no elenco da encenação da Paixão de Cristo de Muçum é muito grandioso. Com o tempo, você começa a entender a história de Jesus Cristo de uma forma diferente. Estou tendo a oportunidade de sentir na pele a emoção de interpretar um personagem muito importante. A responsabilidade é imensa, mas todo o esforço é recompensado em gratidão”, afirma.

Já para Fabiana Todescato Bagnara, que assume o papel de Maria, mãe de Jesus, pelo segundo ano, interpretar Maria é um presente, uma bênção. “É o sentimento de mãe que está ali vendo o filho passando por tudo aquilo, por mais que ela tenha sido preparada para o que iria acontecer. É colocar-se no papel daquela mãe que teve aceitação, força e coragem. É sentir o que ela sentiu”, ressalta. 

Ensaios e a preparação   

Com o passar dos anos, a grandeza do espetáculo exigiu maior desprendimento por parte dos atores e produção. Para isso, o grupo deve iniciar os ensaios no primeiro domingo de fevereiro. Antes disso, haverá a gravação das falas dos personagens. Os ensaios ocorrem no morro da Matriz, local onde acontecerá a encenação. “É uma forma dos atores já memorizarem os locais, as saídas e entradas de cenas. Sempre há um público olhando curiosamente o que estamos fazendo. Mas o resultado de tudo isso, somente na noite do dia 15 de abril”, garante o diretor. Ainda, segundo a coordenação da encenação, as inscrições para o elenco seguem abertas até o dia 21 de janeiro. Após essa data, o grupo será finalizando, impossibilitando a inclusão de novos participantes.   

Coronavírus   

Apesar da situação do aumento no número de casos de covid-19, provocados pela nova variante, a Ômicron, a data da encenação segue mantida pelos organizadores. Conforme a direção do espetáculo, se houver alguma notificação ou protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde, restringindo a possibilidade da presença de público, os organizadores deverão se reunir para definir qual decisão tomar. “Há uma certa apreensão em cima de tudo isso, visto que muitos eventos já foram suspensos. Iremos aguardar as orientações dos setores de saúde. Caso haja necessidade de suspender o espetáculo, faremos, mais uma vez, sem problema algum. A saúde está em primeiro lugar, sempre”, afirma Moriggi. 

Serviço 

Paixão de Cristo de Muçum Dia 15 de abril, às 20h 

Praça da Matriz 

Entrada gratuita 

Se possível, o público deve vir com cadeiras para melhor acomodação. 

Informações pelos fones 51 99701-3882 / 51 3755-2006 

Fotos: Luis Gustavo Betinelli / Divulgação  

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