Os depoimentos de trabalhadores que conseguiram escapar do local que alojava trabalhadores vindos da Bahia para a colheita da uva em Bento Gonçalves apontam que policiais militares podem estar envolvidos no acobertamento da situação. Os relatos foram divulgados pela Justiça e mostram possíveis atos de violência e ameaças de mortes feitos por policiais militares.
De acordo com as vítimas que prestaram depoimento, um acordo entre a polícia e o proprietário do alojamento havia sido firmado para coagir e reprimir situações de briga ou reclamações que envolvessem os safristas.
Em um dos depoimentos, um trabalhador, de 24 anos, disse que havia recebido uma proposta de emprego com promessa de salário de R$ 3 mil líquidos, banho quente, 10 horas de trabalho por dia e folgas nos fins de semana. No entanto, ao chegar em Bento Gonçalves, a situação foi oposta: o banho era frio, que trabalhava até 12 horas por dia, que nunca recebeu o dinheiro combinado. Além disso, ele relatou que tinha de pagar por água, talheres e utensílios de higiene pessoal.
Em outro depoimento, a vítima, de 23 anos, disse que três trabalhadores foram agredidos por seguranças do alojamento após reclamarem das condições de sobrevivência. Em um dos momentos, um suposto PM, identificado como "sargento", teria feito ameaças de morte para aqueles que gravassem e divulgassem vídeos do local. Conforme o trabalhador, outros que reclamaram já teriam sido assassinados.
O nome dos supostos policiais militares envolvidos na situação não foram divulgados. No entanto, há indícios de que outros integrantes das forças de segurança estariam envolvidos no esquema, prestando serviço particular para empresários da região serrana.
A Corregedoria da BM abriu investigação sobre os episódios, que também são averiguados pela Polícia Federal.