O padrasto e a mãe do pequeno João Vicente Luz de Vargas, de três anos, morto em Taquari no dia 3 de fevereiro, foram indiciados por homicídio doloso, ou seja, quando há intenção de matar. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil e indiciou Josuel Cardozo Bergenthal, de 25 anos, e a mãe da criança, Jéssica de Vargas, de 26 anos, com o agravante de duplamente qualificado por motivo fútil e pelo recurso que impossibilitou a defesa da criança.
João Vicente foi agredido com tapas, socos e ainda jogado com força contra uma parede, conforme confissão do padrasto. Os motivos para o crime foi o que mais impressionou a polícia: a criança não conseguiu controlar as necessidades fisiológicas e chorava muito no momento.
Já a mãe do menino foi indiciada pelo mesmo crime, pois segundo a polícia, houve omissão imprópria, que poderia ter evitado a morte da criança. Segundo o inquérito, Jéssica tinha conhecimento de que Bergenthal já tinha agredido a vítima outras vezes, em razão do comportamento e mesmo assim deixou a criança aos seus cuidados.
Segundo o delegado Dinarte Marshall Júnior., não houve motivo para solicitar a prisão preventiva da mulher e, por isso, ela responderá judicialmente a acusação. A defesa da mãe emitiu uma nota informando estar surpresa com o indiciamento. "Recebo o indiciamento da minha cliente, por homicídio, com surpresa. No que pertine aos próximos passos processuais, na ocasião oportuna iremos nos manifestar. A mãe está enlutada e não possui condições de falar nesse momento. Peço respeito e tolerância com sua dor, eis que as mãos que ceifaram a vida de seu filho, não foram as suas!", afirma.
Conforme as investigações, corre a suspeita de que a criança fosse portadora de autismo. Em depoimento, a mãe disse que levava o menino para acompanhamento médico, a fim de encontrar um diagnóstico. Por causa dos comportamentos atípicos de uma criança, o padrasto questionava Jéssica e em outras oportunidades, o casal já havia discutido sobre. De acordo com a polícia, ela acreditava que a criança era portadora desse transtorno, e o padrasto dizia que não, que era apenas birra e mau comportamento e, por isso, o padrasto o castigava fisicamente. De acordo com o delegado, o enteado tinha medo do padrasto e sofria agressões com uma vara, que foi localizada dentro da casa. A polícia conta que perto de Josuel, João Vicente se urinava, tremia muito e não se alimentava.
Durante o trabalho de necropsia, os peritos encontraram diversas marcas provocadas por agressões antigas pelo corpo de João Vicente. A suspeita é de que tenham sido causadas pela vara.
O casal estava junto há oito meses e havia se mudado recentemente para Taquari em busca de emprego.