A falta de comunicação, aliada ao negacionismo da cúpula do governo federal tem provocados inúmeros estragos junto à campanha de vacinação contra a covid-19, principalmente, em pessoas que estão com as doses em atraso e, agora, com o início da imunização de crianças a partir dos cinco anos de idade.
No sábado, 22, uma nota técnica do próprio Ministério da Saúde afirma que os medicamentos do chamado kit covid, cuja ineficácia dos mesmo já foi comprovada, são classificados como eficientes e as vacinas, cujas pesquisas mostram grande efetividade, não são eficazes, contrariando uma série de estudos e orientações sanitárias pelo mundo.
O documento vai contra as diretrizes que afirmam que a cloroquina não possui nenhum efeito de de grande relevância para o tratamento contra o coronavírus. Mesmo após dois anos de pandemia, a nota, que é assinada apenas pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta, Hélio Angotti Neto, apresenta uma tabela que coloca a hidroxicloroquina em oposição às vacinas, que já se demonstraram eficientes para reduzir os casos graves e as mortes pela doença no Brasil e em outros países.
A confusão sobre o assunto é tamanha, que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante visita aos municípios da região Norte do Brasil, pediu que as pessoas se vacinassem e afirmou que "não há um caminho mais eficiente para nos livrarmos dessa pandemia do que a vacinação da nossa população".
Em Porto Velho, Queiroga ouviu do prefeito da cidade, Hildon Chaves (PSDB), que iniciativas contra a vacinação da população no momento em que há um avanço da variante Ômicron são desnecessárias. "Movimentos como esse, secretário, representam a vitória da ciência, da racionalidade, sobre o obscurantismo", disse durante o evento. "Nos ajudem a conscientizar aqueles que negam a validade, a importância da ciência e da vacinação", afirmou o prefeito, dirigindo-se às pessoas presentes na mobilização.
A hidroxicloroquina e outros medicamentos chegaram a ser testados contra a Covid-19, mas a eficácia não foi observada logo após as primeiras fases de estudos. Ainda no primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, um estudo brasileiro coordenado pelos principais hospitais privados do país apontou a ineficácia do medicamento. A mesma conclusão foi observada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).