O Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio retirou, ainda na segunda-feira, 29, as mil cruzes instaladas na esplanada do templo religioso, após polêmica nas redes sociais. Apesar da simbologia, que visava homenagear os mais de 300 mil mortos pela covid-19, muitos comentários contrários, fizeram as equipes modificarem a ideia inicial, que previa a manutenção dos objetos até esta terça-feira, 30. Ontem, após a celebração das 17h, os voluntários iniciaram a desmontagem das cruzes. Segundo a direção do santuário, os objetos deverão ser utilizados em outras oportunidades.
Durante todo o dia, muitos comentários criticaram a ideia de colocar as cruzes. Muitos deles sugeriram a utilização de flores. Outros, desaprovaram e cobraram da Igreja que o gasto com o material fosse utilizado para a compra de cestas básicas. Apesar disso, segundo a direção do santuário de Caravaggio, as madeiras e a tinta para a confecção das cruzes foi fruto de doação, sem custos para a Igreja.
No debate das redes sociais, houve também apoio pela iniciativa. Muitos comentários falaram da importância sobre o momento, ressaltando a gravidade da situação. “Essa imagem choca? Então, imagine para que está na linha de frente tendo que fazer de tudo para salvar uma vida, sem condições decentes para um atendimento. Se essa imagem te choca e o colapso na saúde e negacionismo não, quem está precisando rever os conceitos é você “, ressaltou um internauta.
Durante toda a segunda-feira, mais de dois mil pedidos de orações foram encaminhados pelas redes sociais. Foram preces para falecidos, para as vítimas que ainda lutam contra o vírus e também aos profissionais da saúde que atuam na linha de frente. Intitulada de ‘Vida que Cuida da Vida”, a ação quer mostrar à sociedade o pedido de mais cuidado com a vida do próximo, no momento de dor e dificuldade que o país enfrenta.
Voluntários do Santuário contribuíram para a instalação das cruzes no amanhecer desta segunda-feira e, pouco a pouco, alguns fiéis passaram pelo Santuário para deixar flores em gesto de carinho e respeito. “A ideia da ação veio das lágrimas, da dor, dos pedidos diários de prece para quem perdeu um familiar para o coronavírus. Não podemos banalizar a vida e esquecer como os ritos de velório, de enterro, contribuem para nosso processo de luto. Que tenhamos a responsabilidade diante da vida do próximo e que Nossa Mãe de Caravaggio ampare os corações de tantas famílias que restaram dilaceradas diante de tanta dor”, descreve o reitor do Santuário, padre Gilnei Fronza.
Foto: Santuário de Caravaggio / Reprodução